FUTSAL NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA
O Futsal, que no seu princípio era usado como meio de Educação Física, passou por muitas modificações,profissionalizou-se e, a exemplo de outros esportes no Brasil, esqueceu-se do trabalho de formação,de adaptar o esporte para a prática adequada em várias idades.
Embora a CBFS só reconheça oficialmente as categorias Infantil (13 e 14 anos) e Juvenil (15 a 19anos), as demais categorias inferiores a estas idades são praticadas em quase todos os clubes e escolas e regulamentadas por quase todas as federações estaduais.
Se isto acontece, porque estão dirigentes, técnicos
(entendamos como aquele profissional que atua no clube ou associação, com equipes de escolinha ou competição)
e professores (tratados neste trabalho como o profissional de escolas públicas ou particulares que se
utilizam do futebol de salão como meio em aulas deeducação física), alheios ou omitindo-se quando se
trata de adequar ou modificar esta prática?
Não se pode esquecer que a criança ou “jovem atleta” é levado à prática do Futsal influenciado pelo meio
e, em muitos casos, aspirando tornar-se um atleta profissional de Futsal ou de Futebol. Mas, para que isto aconteça, deve-se considerar que este pequeno atleta não pode ser submetido ao mesmo processo de formação técnica e competitiva dos adultos. O trabalho feito com crianças deve ter a adaptação adequada para ela, considerando seu desenvolvimento, além de respeitar também os seus interesses.
Para KNAPP (197-?), ...o sucesso não deve ser avaliado simplesmente em termos de vitória... . Isto implica em dizer que é necessário alcançar a realização ou satisfação da criança praticante de futsal. Para isto deve-se analisar os pontos negativos do processo ao qual está envolvido e adequá-los a prática.
A determinação do tempo de jogo nas categorias de base, por exemplo, é sempre ponto de discussão entre técnicos e administradores do Futsal. Uma vez que não existem publicações de estudos relativos à adequação do tempo de jogo para cada idade, não se pode assegurar que 20 minutos, por exemplo, divididos em 2 tempos de 10 minutos, é mais adequado para uma criança da categoria Mirim (11 e 12 anos) ou para uma da categoria Fraldinha (07 e 08 anos - ref. tabela
1). Obviamente que a composição orgânica de uma criança de 07 anos de idade não é a mesma de uma de
12 anos que está prestes a entrar na puberdade.
Outro fator determinante na formação de jovens atletas no Futsal é o estresse psicológico causado pelas competições, que seguem padrões - geralmente cópia de competições adultas - de alto rendimento e submetem a criança a um desgaste emocional que acaba acarretando em desvios de comportamento
(como o medo, a ansiedade negativa, a omissão, etc.)
dentro do esporte. MACHADO (1997), diz que um atleta pode sentir-se incomodado com a presença dos
pais quando está em atividade. Isto pode ocorrer devido a um mau relacionamento de pais e filhos dentro de casa. A imagem que os pais passaram ao filho durante toda a sua infância pode causar algum trauma e a criança cresce com um certo receio de exporse diante dos pais.
Contudo, existem também casos em que esta presença é altamente positiva. Casos em que, com a presença
dos pais ou amigos e parentes, pode haver melhora da performance, para mostrar a todos aquilo que foi conseguido. Portanto, o relacionamento que o atleta tem e teve com os pais, o modo que este atleta foi criado, os acontecimentos, os fatos que marcaram sua vida, tudo isto vai influenciar o atleta e seu modo de
agir, do início da atividade física até o treinamento e competição (apud MACHADO, 1997, p. 68-69).
As situações (inerentes ao processo competitivo) podem exceder os recursos que os competidores possuem
para lidar com estas e esse desequilíbrio entre demandas e recursos é que pode tornar-se o grande fator negativo da competição infantil, pois se a criança ou jovem for submetido a desafios não condizentes ao seu estágio maturacional, poderão aparecer problemas no processo de crescimento, desenvolvimento e maturação, além de implicações psicológicas,levando a sérias conseqüências físicas e comportamentais.(DE ROSE JR, 1997).
Se estes problemas existem, a saída então seria impedir a participação de crianças em competições?
NAHAS (1985), trata isto da seguinte forma: ...é um desejo natural de aproximação com outras crianças
e a participação em atividades que levam à competição,à afirmação de superioridade em determinada
habilidade ou jogo...
Se há a manifestação deste desejo na criança,entendemos então que a forma dela entrar na competição
e os sistemas competitivos é que precisam ser repensados e direcionados a uma análise formativa
do jovem atleta.
MANTOVANI (1996), diz que o treinamento de base tem como finalidade a formação básica polivalente através de meios e métodos de treinamento múltiplo e de formação geral, bem como aquisição de habilidades e técnicas básicas, visando estabelecer uma base ampla.
Esta base, tem muito das experiências que a criança adquire quando participa de um jogo ou de uma
competição. Torna-se importante, então, adequar as competições ao processo de formação e entender que
o principal objetivo da competição é constituir valores formativos e positivos na criança, para que esta
utilize-os em categorias superiores e não seja desestimulada a continuar sua preparação por fatores
externos de influência psicológica, como ser perdedor sempre, sentir-se incapaz, sobrecarregado
ou com excesso de responsabilidades. SAMULSKI (1992), orienta para que o treino desportivo desenvolva
em seus participantes aspectos de autonomia,auto-confiança, auto-responsabilidade, estímulos positivos para situações problemas, além de atitudes sociais como: integração e cooperação, responsabilidade,
apoio social e identificação com o meio.
